
No alto, a partir da esquerda, o animador Anélio Latini e frames de seu longa 'Sinfonia amazônica', inspirado em lendas do folclore brasileiro; abaixo, o japonês radicado no Brasil Ypê Nakashima e imagens do filme 'Piconzé', com o protagonista (centro) e o vilão Bigodão. Clique nas imagens para ampliá-las.
Resultado de cinco anos de trabalho autodidata e intenso de Anélio Latini Filho (1926-86), *"Sinfonia amazônica" lembra uma mistura de "Fantasia", clássico de Walt Disney de 1940, com cenários e lendas do folclore brasileiro. O filme em preto-e-branco, com 63 minutos de duração e trilha de Altamiro Carrilho, acompanha os encontros do indiozinho Curumí com figuras do imaginário da floresta como Curupira, Caapora, Mapinguarí e a Cobra Grande.
Exibido em sessão única no sábado (25), o longa é alvo de um projeto de restauração sob responsabilidade de Marcia Latini, sobrinha de Anélio e filha de Mario Latini, que assinou a produção e a direção de fotografia do longa.
"É [um filme] muito importante, que está a perigo de se perder se esse negativo não for restaurado", aponta César Coelho, um dos quatro diretores do Anima Mundi. "São dois caras sozinhos fazendo um longa-metragem no Brasil nos anos 50! Aquilo é o início da maneira brasileira de fazer animação: 'a gente vai fazer não importa como!'", defende.
*Na imagem: Cartaz original de 'Sinfonia amazônica', de 1953, o primeiro filme de animação brasileiro em longa-metragem.
A saga do caipira
Não menos importante para entender as origens da animação nacional, o autor do longa-metragem (cujo trailler você confere no fim desse artigo) *"Piconzé" (1973), primeiro em cores a chegar aos cinemas do país, é o tema central do documentário "Ypê Nakashima", que foi exibido fora de competição nesta quinta-feira (23) no festival.
Dirigido por Hélio Ishii e narrado por Itsuo Nakashima, único filho vivo de Ypê, o documentário narra a jornada épica do animador que deixou o Japão logo após a Segunda Guerra e veio trabalhar como ilustrador em São Paulo. Com um pequeno grupo de amigos japoneses e uma força de vontade descomunal, Nakashima levou seis anos para concluir os 80 minutos de "Piconzé" - e morreu aos 47 anos, apenas dez meses depois da estreia do filme nos cinemas.
Tanto o documentário quanto o filme - que conta a história do caipira Piconzé e sua namorada Maria em uma aventura com toques de cangaço, faroeste e novelas de cavalaria - podem ser vistos, de graça, no completo site dedicado à memória de Ypê Nakashima. Entre as curiosidades sobre a carreira do animador nipo-brasileiro, o site disponibiliza ainda os antigos comerciais que ele fez para a TV, incluindo as célebres animações dos cobertores Parahyba e do açúcar Tamoyo.
Confira abaixo um trailler do documentário sobre Ypê Nakashima, retirado do You Tube:
No site Núcleo Virgulino você confere detalhes sobre "Piconzé" muito bem ilustrados com imagens dos cenários e dos personagens da animação.
*Nas imagens, pôster de Piconzé, primeiro longa colorido da animação brasileira, lançado em 1973; cena da animação na qual aparece o vilão Bigodão. Até rimou!
A nova indústria brasileira
Trinta ou cinquenta anos depois dos esforços de Nakashima e Latini, os animadores brasileiros comemoram agora os primeiros contratos de coprodução de seriados nacionais e a consolidação de uma indústria. O feito é celebrado no Anima com a mostra "O que vem pra TV", que está marcada para domingo (26) e reúne novas séries infantis como "Quarto do Jobi" e "Meu amigãozão", de Andrés Lieban, "Cordélicos", de Ale Machaddo, e "Peixonauta", de Célia Katunda e Kiko Mistrorigo. Todas já têm contratos de exibição em TVs daqui ou do exterior.
"A gente conquistou isso. Primeiro, porque a gente não tinha como atender a produção em larga escala que os seriados demandam. E, segundo, que a gente não tem tradição nesse mercado. Animação para a TV é um mercado muito difícil, fechado, e a gente ter conseguido uma entrada assim, como autores, nos dá uma credibilidade enorme", comemora Coelho.
No sábado e no domingo, o Anima Mundi também apresenta a mais recente animação em longa metragem brasileira, "As aventuras de Gui & Estopa", de Mariana Caltabiano.
17º Anima Mundi - São Paulo
Quando? de quarta-feira (22) a domingo (26)
Onde? Memorial da América Latina (Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, Barra Funda) e Centro Cultural Banco do Brasil (R. Álvares Penteado, 112, Centro)
Quanto? de R$ 3 (meia) a R$ 6 (sessões grátis no CCBB)
Mais informações no site: www.animamundi.com.br
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Con informações do site G1
2 comentários:
Amaral, que ótimo que você voltou a atualizar o blog! Realmente sentimos saudades da sua presença aqui!
Muito bacana essa sua postagem sobre o Anima Mundi e um "resumo" da trajetória desses pioneiros da animação nacional. Até hoje, sabia pouco sobre "Sinfonia Amazônica" e "Piconzé"...
Valeu! Abraço!
Oi, Amaral! Que bom que está de volta!
Gostei da matéria. Obrigado, eu não conhecia as primeiras animações brasileiras.
At´é mais, e não vá sumir assim de novo, hein?!
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